Somos todos da mesma espécie, porém diferentes em muitos aspectos. Cada indivíduo traz em seu código genético informações de outras gerações e essas são transformadas por nossa exposição ambiental. Por esse “pequeno” detalhe, não podemos imaginar que uma mesma receita de nutrientes e treino podem ser utilizadas, igualmente, para várias pessoas e que essas terão o mesmo resultado, não é mesmo?
Então ao invés de começar o seu processo de mudança de estilo de vida e emagrecimento replicando a dieta da vizinha ou copiando o treino da “blogueira” do Instagram, faça uma avaliação da sua composição corporal e aprenda por qual caminho iniciar. A avaliação da composição corporal deve ser uma das primeiras atitudes para quem busca realizar um treinamento específico para as suas necessidades, bem como é fundamental para a checagem de resultados e propostas de ajustes de treinos. Treinar sem avaliar é “fazer qualquer coisa”! Esse tipo de atitude reduz muito as chances de atingir os resultados almejados. Cada um com seu treino, para as suas necessidades específicas, esse é um dos princípios de treinamento esportivo: individualidade biológica. Quem treina igual a todo mundo e sem avaliação criteriosa da composição corporal não está fazendo o melhor treino.
No início no século XIX remontam as primeiras tentativas registradas de entender do que era composta nossa massa corporal. Através de autopsias eram avaliados e pesados os componentes corporais. No final do século XX aumentou muito a curiosidade pela composição corporal do ser humano e vários métodos começaram a ser desenvolvidos. Antes de escrever sobre eles, vou discorrer um pouco sobre o que compõe o nosso peso.
Podemos dividir nossa massa corporal em: massa livre de gordura (massa muscular, massa óssea, massa de órgãos), massa gorda, líquidos corporais (plasma sanguíneo, líquido e linfa), minerais, proteínas, células e bactérias. Para o levantamento dos componentes podemos utilizar o método direto, indireto e duplamente indireto. O primeiro só pode ser realizado pós morte, então, deixaremos de lado (rsrsr).
Entre os indiretos, temos:
1 – Pesagem Hidrostática: considerado o “padrão-ouro” dos métodos indiretos, frequentemente é utilizado nos estudos de validação de outros métodos, tem alta fidedignidade. Vamos encontrar esse equipamento em grandes universidades.
2 – Dexa (absortometria radiológica de dupla energia): é realizada no mesmo equipamento do exame de densitometria óssea. É uma técnica e escaneamento que mede diferentes atenuações de dois raios “X”, que, passando por nosso corpo, medem três componentes corporais: massa de gordura, massa livre de gordura e massa óssea. Apresenta custo elevado e exposição à radiação, porém é muito fidedigno e fácil de realizar. Aliás se você já fez algum dia uma densitometria óssea, no resultado deve constar o percentual de gordura corporal, espia lá!
3 – Pletismografia: é um método rápido e fácil de ser realizado, depende muito pouco da cooperação do avaliado e é realizado entre três e cinco minutos. O pletismógrafo também não está disponível em muitos lugares, mas é um método interessante, rápido e prático de avaliar a composição corporal.
4 – Ultrassonografia: este exame é capaz de mapear a espessura do músculo e da gordura nas diferentes regiões corporais e quantificar as mudanças no padrão topográfico da gordura. Algumas limitações serão encontradas devido ao custo e dificuldade técnica (o resultado pode depender da experiência do avaliador). É preciso destacar que é um método não invasivo e também livre de radiação.
5 – Ressonância Nuclear Magnética – nesta técnica um poderoso campo magnético (radiação eletromagnética – grande vantagem!) é irradiado por pulsos de frequência de rádio, excitando os núcleos de hidrogênio da água corporal e das moléculas lipídicas, gerando imagens das variáveis intrínsecas dos tecidos, permitindo uma análise e quantificação muito precisa da composição corporal. A dificuldade do método está no custo elevado e a dificuldade técnica, porque teria que executar o exame de corpo todo, portanto, é mais utilizada em hospitais somente para diagnóstico médico.
Outros métodos ainda podem ser utilizados para avaliação indireta da composição corporal como a Hidrometria (água duplamente marcada com isótopos), Análise de Ativação de Nêutrons (NAA), Potássio Corporal Total (TBK) e Excreção Urinária de Creatinina, todos eles dependentes de análises bioquímicas de sangue ou excreção urinária de 24 horas. Métodos esses utilizados em pesquisas científicas mas pouco úteis para o dia a dia da avaliação corporal em clínicas médicas ou academias.
Enfim, os métodos mais utilizados para a avaliação da composição corporal são os duplamente indiretos, pois são menos rigorosas, apresentam melhor aplicação prática, menor custo financeiro, podem ser aplicadas em ambiente de campo e clínico e podem ser utilizados em grande escala (avaliar grupos grandes de pessoas em pouco tempo). Entre eles os mais comuns são a bioimpedância e a aferição de dobras cutâneas e perímetros.
Estes três métodos são utilizados por nós na DoctorFit, que tem um cuidado especial com o procedimento de avaliação física, pois entende a sua importância para definição e ajustes de treinos, bem como para o controle dos resultados.
A bioimpedância tem se tornado mais conhecida nos últimos anos, é uma forma não invasiva de avaliação da composição corporal. Este método é realizado a partir da impedância elétrica que está baseada na condução de uma corrente elétrica indolor, de baixa intensidade que, aplicada ao organismo por meio de cabos conectados a eletrodos ou superfícies condutoras, que são colocados em contato com a pele. A impedância, dada pelos valores de reactância e resistência, é baixa no tecido magro, onde se encontram, principalmente, os líquidos intracelulares e eletrólitos, e alta no tecido adiposo. A partir dessa análise é calculado os pesos de tecido livre de gordura (proteínas, minerais, água corporal, massa óssea e massa muscular esquelética) e o tecido de gordura, tendo como resultados os valores absolutos em quilogramas, além, do percentual de gordura estimado. Um método excelente, se realizado em equipamentos de boa precisão. Geralmente essas balanças mais simples, de uso doméstico, que são compostas por impedâncias, podem não ser precisas, então tenha cuidado para praticar esse controle da composição corporal sozinho.
O método mais conhecido, sem dúvida é a avaliação das dobras cutâneas de tecido adiposo, aquele que se faz com o plicômetro (a do beliscão como o pessoal costuma dizer!). O pinsamento e medição realizada em milímetros em diversos pontos corporais tem como resultado uma somatória de gordura subcutânea que precisa ser adicionada a equações que irão predizer o percentual de gordura corporal existente. Como essas equações foram produzidas a partir de populações diferentes e de vários países do mundo, é comum um fator de erro grande, então a escolha da equação mais adequada para você deve ser feita pelo profissional que está avaliando, com a intensão de resposta mais fidedigna.
São esses os métodos mais conhecidos e utilizados para avaliação da composição corporal. Ficou com dúvida? Deixe suas questões nos comentários!
Sócia e Diretora Técnica da Franquia DoctorFit, Médica e Profissional de Educação Física
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